11 setembro 2008

A máquina de regressar ao Big Bang

Sucesso na primeira tentativa de funcionamento do maior acelerador do mundo
10.09.2008 - 10h25 Lusa

A primeira tentativa de fazer circular um feixe de milhões de protões no acelerador LHC, o mais potente do mundo, começou às 08h30 de Lisboa (07h30 GMT), no Laboratório Europeu de Física de Partículas (CERN).

Minutos depois efectuou-se uma segunda tentativa de injectar protões, informaram responsáveis do CERN.

O objectivo hoje é conseguir que as partículas dêem uma volta completa ao enorme túnel de 27 quilómetros que constitui o Grande Acelerador de Hadrões (LHC na sigla inglesa), antes de realizar experiências com colisões de protões, para tentar identificar novas partículas elementares.

A evolução dos acontecimentos hoje é, no entanto, desconhecida, reconheceu numa conferência de imprensa Lyn Evans, director do projecto do LHC.

"Não sabemos de quanto tempo vamos precisar" para conseguir que circulem os protões de forma estável, disse.

O primeiro lançamento de partículas até ao acelerador fez-se no sentido das agulhas do relógio, explicou Evans.

"Vamos confirmando que cada um dos elementos da máquina funciona, um por um", acrescentou.

De qualquer forma, hoje não se farão lançamentos em sentidos opostos, pelo que não se produzirão colisões de partículas.

Depois desta primeira tentativa saber-se-á se o maior acelerador de partículas do mundo funciona, mas os primeiros choques de protões apenas se produzirão daqui a alguns meses, altura em que se iniciará a obtenção de dados.

Experiência científica do século

O LCH, um projecto faraónico que juntou milhares de cientistas do mundo durante 20 anos, procura simular os primeiros milésimos de segundo do Universo, há cerca de 13,7 mil milhões de anos atrás, e é considerado a experiência científica do século.

Desde 1996, o CERN construiu, 100 metros debaixo da terra, perto de Genebra, na Suíça, um anel de 27 quilómetros, arrefecido durante dois anos para atingir 271,3 graus negativos.

À volta deste anel estão instalados quatro grandes detectores, no interior dos quais vão produzir-se colisões de protões numa velocidade próxima da da luz.

Em plena força, 600 milhões de colisões por segundo irão gerar uma floração de partículas tal como aconteceu no início do mundo, algumas das quais nunca puderam ser observadas.

No entanto, só daqui a alguns meses, quando se comprovar a evolução do funcionamento, é que haverá colisões de partículas e estarão criadas as condições para o estudo de novos fenómenos, através da recriação das condições que se produziram instantes depois do Big Bang.

O objectivo final desta grande experiência é poder dar resposta a muitas perguntas sobre a origem do Universo, entender por que a matéria é muito mais abundante no Universo do que a anti-matéria, e chegar a descobertas que "mudarão profundamente a nossa visão do Universo", segundo o director do CERN, Robert Aymar.

Uma das aspirações dos cientistas é encontrar o hipotético bosão de Higgs, uma partícula que nunca foi detectada com os aceleradores existentes, muito menos potentes que o LHC.


http://ultimahora.publico.clix.pt/noticia.aspx?id=1342224

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